segunda-feira, 29 de junho de 2009

Marca e credibilidade

A Nokia pretendia presentear algum ponto da cidade de São Paulo com internet livre. Entre as opções, foi eleita por voto popular a Universidade de São Paulo, a maior da América do Sul, com seus milhares de alunos e professores ativos em produção de conhecimento - além de outros tantos funcionários. O presente tornou-se uma (possível) justa troca. A justa troca, após sua inauguração, mostra-se mais falha e injusta a cada dia.

Digo falha, pois a internet é simplesmente falha. Não “sujeita a falhas”, como qualquer tecnologia está sujeita a problemas de percurso. A “Connect USP”, como batizado nosso caro presente, foi testada pela reportagem do Jornal do Campus em 33 pontos da cidade universitária: dentre eles, apenas três foram considerados satisfatórios. Sobre o teste, a assessoria da Nokia respondeu que a maior parte dele foi realizada em espaços fechados, sendo que a rede havia sido idealizada para áreas abertas.

Tal especificação, obviamente, não constava na publicidade. A USP não recebeu o presente direcionado à cidade de São Paulo, mas essa recebeu, recebe e receberá massivamente publicidades dúbias como a veiculada. O que ela provavelmente não receberá será a notícia de que esse serviço foi um presente que causa tanta comoção e gratidão quanto um vaso de cristal quebrado. E essa informação, até então, foi pauta apenas do jornal de circulação interna da USP.

Sumarizemos o absurdo balanço final dessa novela: Nokia, o presenteador, ganha publicidade. A USP, escolhida por voto popular, ganha três pontos de boa internet em cerca de 600.000 hectares de área. E a cidade de São Paulo ganha... Cidadãos que não sabem que o presente do qual eles não usufruem sequer funciona decentemente.

sexta-feira, 26 de junho de 2009

O sonho, a guerra, a Valsa


Em uma noite num bar, o velho amigo lhe conta sobre um pesadelo recorrente, no qual 26 cachorros ferozes o perseguem. Toda noite, as mesmas bestas, o mesmo número. Os dois concluem que o pesadelo tem conexão com a missão que eles prestaram ao Exército de Israel na Primeira Guerra do Líbano.

Ari surpreende-se por não conseguir se lembrar de nada sobre esse período de sua vida. Sai, então, na busca de seus elos com esse passado: reencontra e entrevista amigos e companheiros de guerra, que fazem sua memória desenterrar imagens surreiais desse período e que provocam discussões sobre os efeitos dramáticos da guerra para o indivíduo.

O cineasta israelense Ari Folman, em seu novo filme,Valsa com Bashir (2008), protagoniza uma busca pela memória perdida de seus dias na Primeira Guerra do Líbano, construindo uma história em volta de sua incapacidade de contar as experiências que viveu.

Dentro dessa metalinguagem, o espector é provocado pelos formatos do filme: Valsa com Bashir, uma narrativa ficcional baseada em fatos reais, não somente usa técnicas de documentário (entrevistas, legendas, especialistas), como também é uma animação. Uma animação com efeitos de fotografia e uma trilha sonora que seriam impactantes até em película. Dentre as fotografias, impressionam os desenhos dos planos abertos da capital libanesa Beirute, sitiada em 1982.

A estética do desenho animado prevalece, mas não isenta quem assiste de se perguntar: “Mas será que isso aconteceu mesmo?”.

Valsa com Bashir, o vencedor de melhor filme estrangeiro no Globo de Ouro se agarra na busca dessa verdade perdida, construindo uma história que consegue se comunicar profundamente com o espectador e sensibilizá-lo, nas linhas do universo 3D, para uma realidade política e humana que vivemos.

 
Simple Proff Blogger Template Created By Herro | Inspiring By Busy Bee Woo Themes Distribuido por Blog templates